quinta-feira, 7 de abril de 2011

Poluição urbana está a tornar os pólenes cada vez mais agressivos

A poluição dos meios urbanos está a tornar os pólenes mais agressivos, uma das principais razões por que a população das cidades sofre cada vez mais cedo e com mais intensidade os sintomas das alergias na chegada da primavera.
Segundo o presidente da Sociedade Portuguesa de Alergologia (SPA), Mário Morais de Almeida, «em cada década as alergias aumentam de 10 a 20 por cento», sendo que além de serem cada vez mais frequentes são cada vez mais graves por causa da pressão do ambiente.

Actualmente quase um milhão de portugueses sofre de asma e dois milhões de rinite alérgica, especificou o especialista só para citar dois dos tipos de alergia mais frequentes, embora tenha referido outras como a alergia aos ácaros ou as peles atópicas.
«As alterações climáticas fazem com que as plantas cada vez polinizem mais cedo. Estamos a fazer essa medição há muitos anos e verificamos que nos últimos anos a concentração dos pólenes é elevadíssima», afirmou o presidente da SPA.
Isto explica o aparecimento de cada vez mais crianças com alergias e, pensando apenas na dos pólenes, cada vez mais cedo, em idade pré-escolar, com dois ou três anos, acrescentou.
Mas Mário Morais de Almeida sublinha que o problema não é só as alergias surgirem cada vez mais cedo, mas também com muito mais gravidade.
E se factores como o tipo de vida ou de alimentação têm algum peso, a «genética modulada pelo ambiente é determinante».
O peso que tem o pólen em conjunção com as alterações climáticas é cada vez mais grave, explicou, acrescentando que nas cidades existe na atmosfera uma mistura de pólenes com grande concentração de poluentes.
«Ao interagir com a poluição automóvel, os pólenes tornam-se mais agressivos. O mesmo pólen em meio urbano é mais agressivo porque se altera o seu formato e o seu nível de agressão», especificou.
Na primavera é quando os sintomas são mais sentidos porque é quando as plantas mais polinizam, contribuindo para este efeito nefasto nos mais sensíveis, principalmente, plantas como os fenos ou erva parietária e árvores como a oliveira.
Os sintomas são variáveis, mas numa percentagem elevada surgem espirros, comichão e pingo no nariz, obstrução nasal, lacrimejo e olhos vermelhos, por vezes tosse, falta de ar, aperto no peito, pieira, mas também comichões e descamação da pele e extremo cansaço.
O mais grave é que estes não são sintomas passageiros e os efeitos da polinização sentem-se por norma entre Março e Julho, disse o médico.
Esta é, aliás, uma das razões por que as alergias surgem fortemente associadas a estados de depressão e ansiedade, «mistura»potenciada na primavera, por ser a estação do ano mais propícia a potenciar os dois estados clínicos.
«Existe uma forte relação do sistema neuro-imuno-endócrino», afirmou, explicando que quem tem distúrbios neurológicos pode ter alergias na primavera por estar com o sistema imunitário debilitado, assim como a alteração do humor faz parte do quadro de alergia.
No entanto, o médico sublinha a importância de procurar ajuda, porque as alergias são hoje facilmente diagnosticadas e tratadas, embora ainda sejam desvalorizadas, em grande parte pela própria comunidade médica.
«O que é perigoso é deixar a alergia controlar a vida da pessoa e não a pessoa controlar a doença alérgica».
Lusa/SOL

domingo, 27 de março de 2011

Biotecnologia no diagnóstico e terapêutica de doenças

A biotecnologia consiste na manipulação de organismos, células ou moléculas biológicas com aplicações específicas.

O diagnóstico e a terapêutica de doenças constituem campos de aplicação da biotecnologia , nomeadamente através da imunoterapia, que permite amplificar ou dirigir a resposta imunitária, e da produção de substâncias, como antibióticos, esteróides, vitaminas e vacinas.



Importância dos anticorpos na biotecnologia aplicada à saúde:

Os anticorpos devido à sua elevada especificidade conseguem combater alguns antigénios.
    -A utilização de anticorpos permite:
  •   Reconhecimento de antigénios específicos mesmo quando      presentes em quantidades reduzidas.
  • O ataque dirigido às células que apresentam antigénios     específicos, o que acaba por aumentar a eficácia da terapêutica e reduzir eventuais adversos sobre outras células.


Anticorpos policlonais
Estes anticorpos são um conjunto de anticorpos com diferentes especificidades, produzidos em resposta a um antigénio ou determinante antigénico.

Anticorpos monoclonais
São anticorpos produzidos em laboratório com elevada especificidade para um determinado antigénio ou determinante antigénico.
Estes anticorpos são produzidos laboratorialmente, em grande quantidade, através de um processo de fusão in vitro que consiste no isolamento a partir do baço de um animal inoculado com um antigénio para activar o linfócito B , posteriormente dá-se a fusão "in vitro" deste linfócito com o mieloma que é uma célula tumoral do sistema imunitário que se divide continuamente.

O resultado desta fusão é o hibridoma que possui como características:
- produzir grandes quantidades de anticorpos específicos para um único determinante antigénico;
- dividir-se activamente, dando origem a um grande número de células;

Aplicações de anticorpos monoclonais:

Diagnóstico de doenças ou condições clínicas
Identificação de determinadas substâncias em fluidos ou tecidos, mesmo quando presentes em quantidades muito reduzidas. A ligação antigénio-anticorpo é detectada por alteração de cor, por fluorescência, ou por emissão de radioactividade.
Testes de gravidez. Usam anticorpos monoclonais para detectar HCG na urina.
Diagnóstico de doenças, como a gonorreia, sífilis, hepatite, raiva. Os anticorpos monoclonais são usados para detectarem antigénios presentes em determinados agentes infecciosos.
Imunização passiva
Preparação de soros para tratamento de determinadas infecções.
Soro antitetânico. Previne/trata sintomas de tétano numa pessoa não vacinada
Tratamento de cancro
Utilização de anticorpos monoclonais  (alguns marcados com substâncias tóxicas ou radioactivas) que ligam a antigénios presentes da superfície de células tumorais, permitindo a localização e destruição apenas das células cancerosas.
Cancro da mama. O anticorpo monoclonal actua bloqueando a função dum gene de cancro específico, associado ao crescimento de cancro da mama agressivo.
Linfomas. São usados anticorpos monoclonais ligados a iodo radioactivo, provocando a regressão do linfoma.
Enxertos e transplantes
Utilização para verificação de compatibilidade de tecidos .
Antídotos para venenos e drogas
- Antídotos para venenos de cobras.




 Diagnósticos de doenças ou condições clínicas



  Enxertos e transplantes




A biotecnologia na obtenção de produtos com aplicação terapêutica


A biotecnologia permite a obtenção de vários produtos com aplicações terapêuticas, em grandes quantidades e com baixo custos, por processos de bioconversão. A bioconversão consiste na transformação de um determinado composto noutro composto estruturalmente relacionado, e com valor comercial, por células ou microrganismos. Esta técnica apresenta vantagens como:

- permite a obtenção de produtos que resultam de vias metabólicas complexas;
- diminui o número de etapas necessárias para a obtenção do produto, o que torna a sua produção mais rápida e económica;
- aumenta o grau de pureza dos produtos obtidos, diminuindo o risco de alergias;

Apresenta também as seguintes aplicações:
- Antibióticos (São produzidos por géneros de fungos como a Penicillium)

- Esteróides 
- Vitaminas
- Vacinas
- Proteínas humanas


Desequilíbrios e doenças

Existem algumas doenças que resultam da incapacidade do sistema imunitário como responder com eficácia aos agentes que ameaçam o organismo. Entretanto, existem outras que provêm de uma reacção excessiva do sistema imunitário, contra agentes estranhos inócuos ou aos próprios constituintes do organismo. 
Doenças auto-imunes:

Este tipo de doenças ocorre quando o sistema imunitário se torna hipersensível a antigénios específicos das suas próprias células ou tecido.Existem vários tipos de doenças auto-imunes, tais como:          
-Esclerose múltipla- Doença crónica do sistema nervoso. Esta patologia resulta da destruidora acção que alguns linfócitos T exercem sobre a mielina dos neurónios do sistema nervoso central. 
-Artrite reumatóide- Caracteriza-se por inflamações extensas e dolorosas das articulações (cartilagens articulares), que causam a sua deformação.
-Lúpus- Esta doença caracteriza-se pela produção de anticorpos por parte dos sistema imunitário, que actuam contra vários tipos de moléculas do próprio organismo, incluindo histonas e DNA. 
-Diabetes insulinodependente- Resulta da destruição das células pancreáticas responsáveis pela produção de insulina.
Imunodeficiência
As doenças devidas à imunodeficiência apresentam uma falha nas defesas do organismo que têm como objectivo combater as infecções e os tumores.
O resultado desta imunodeficiência é o aparecimento recorrente ou a persistência de infecções, causadas por organismos que, em circunstâncias normais, não as causariam, fraca resposta em relação ao tratamento habitualmente eficaz, recuperação incompleta da doença e uma susceptibilidade invulgar a certas formas de cancro.
Imunodeficiência  inata
Se a deficiência figura no sistema de imunidade humoral – falta de linfócitos B – o indivíduo está mais susceptível a infecções extra celulares. Caso a deficiência se encontre no sistema de imunidade celular – falta de linfócitos T – há uma maior sensibilidade a agentes infecciosos intracelulares, vírus e cancros.
A imunodeficiência mais grave caracteriza-se pela ausência de linfócitos B e T.
Os indivíduos com esta deficiência ficam extremamente vulneráveis e apenas sobrevivem em ambientes completamente estéreis.
O transplante de medula óssea ou terapia génica são eficazes no tratamento destas deficiências.
Imunodeficiência adquirida - SIDA 
A SIDA é causada pelo vírus da Imunodeficiência humana, VIH.
O material genético do VIH é composto por uma cadeia simples de RNA viral, que pode infectar várias células, sobretudo os linfócitos T.
No interior da célula hospedeira, o RNA viral é transcrito para DNA pela transcriptase reversa e esse DNA é integrado no genoma.
Quando activo, o DNA viral dirige a produção da célula hospedeira que causa a destruição da célula hospedeira e infecta novas células.
A diminuição progressiva do número de linfócitos T deixa o organismo muito susceptível a doenças “oportunistas” e a cancros.
Um indivíduo infectado pelo VIH reage à sua presença produzindo anticorpos – é seropositivo.
Os vírus que se encontram no interior de células infectadas escapam à acção dos anticorpos.
Um indivíduo seropositivo, mesmo sem sintomas clínicos, pode transmitir o VIH.
Não há cura nem vacina para a doença, mas a sua progressão pode ser retardada por drogas inibidoras da transcriptase reversa, entre outras.


Alergias
São doenças hereditárias relacionadas com o sistema imunológico de uma pessoa, ou seja, reacções exageradas do nosso organismo perante determinadas substâncias. Uma substância alérgica, para uma pessoa, pode ter a mesma reacção, ou uma diferente, noutra. Este sintoma é uma hipersensibilidade do organismo a agentes físicos.Uma reacção alérgica pode apresentar vários sintomas, em conjunto ou isolados.Os órgãos mais afectados e os sintomas mais frequentes, são:
  • Pele - urticária, eczema;
  • Aparelho respiratório – asma, rinite;
  • Olhos – conjuntivite, eczema nas pálpebras;
  • Aparelho digestivo – diarreia, edema da glote;

Há sintomas que se devem a “intolerâncias”, sobretudo alimentares e que em nada têm a ver com alergias, embora muitas pessoas as designem erradamente como tal. Importa distingui-los.

-O que é o choque anafilático?

Por vezes, a reacção alérgica é de tal forma severa que resulta num choque anafilático, o qual é provocado pela diminuição brusca da pressão arterial em consequência do aumento da permeabilidade dos vasos sanguíneos, verificando-se um rápido aumento da dilatação dos mesmos vasos, podendo mesmo vir a comprometer a vida do indivíduo.


Memória imunitária e imunidade artificial

O primeiro contacto do organismo com um antigénio origina uma – Resposta Imunitária Primária – durante a qual os linfócitos B e T são activados e se diferenciam em células efectoras e de memória.  
Eliminado o antigénio, as células efectoras desaparecem, mas as células de memória permanecem no organismo e num segundo contacto com o mesmo antigénio desencadeiam uma - Resposta imunitária Secundária – mais rápida, mais intensa e duração mais longa. Esta propriedade designa-se memória imunitária.
A memória imunitária está na base da imunização artificial através da vacinação. Uma vacina é uma solução preparada com antigénios tornados inofensivos, como, por exemplo, microrganismos mortos ou atenuados ou toxinas inactivas. A vacinação desencadeia no organismo uma resposta imunitária primária e formam-se células de memória. Assim, aquando um novo contacto com esse antigénio as células de memória dão origem a uma resposta imunitária secundária.
Tipos de imunidade:
Imunidade activa
(o sistema imunitário do individuo responde ao antigénio e produz anticorpos e células de memoria)
Natural – o indivíduo é, naturalmente, exposto ao antigénio (ex. contrai uma doença).
Artificial – o antigénio é, deliberadamente, introduzido no organismo através de vacinação.
Imunidade passiva
(o sistema imunitário do individuo não responde ao antigénio. São transferidos anticorpos produzidos por outra pessoa)
Natural – a criança recebe anticorpos que são transferidos da mãe através da placenta ou do leite.
Artificial – o indivíduo recebe um soro que contém anticorpos produzidos por outra pessoa ou por um animal.